BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO
BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO!
PESQUISA DO INSTITUTO DATAFOLHA DIZ QUE 50% DOS BRASILEIROS CONSIDERA QUE BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO
E SE ESSE BANDIDO FOR O MEU FILHO, OU O SEU, OU O MEU PAI, OU O SEU, OU A MINHA ESPOSA, OU A SUA, O SEU MARIDO, OU O SEU IRMÃO, OU O MEU, OU O POLICIAL, OU O VEREADOR, OU O DEPUTADO, OU O PADRE, OU O BISPO?????
É FÁCIL SER PEDRA QUANDO A VIDRAÇA PERTENCE A ALGUÉM QUE NÃO CONHECEMOS, QUE NÃO AMAMOS, EM CUJOS OLHOS NÃO OLHAMOS...
E AGORA? QUEM É O BANDIDO? ELE MERECE MORRER, OU MERECE VIVER?
A QUEM ODIAMOS? ODIAMOS AO BANDIDO DA PERIFERIA....
A banalização da violência avança, na mesma proporção que a desvalorização da vida, e as pessoas desamam com muita facilidade. Odeiam mais facilmente ainda, e o sangue nas mãos já não é mais uma condição extrema. Tornou-se corriqueiro e frugal. Despropositado.
Odiamos o bandido da periferia, mas nos resignamos ao político corrupto.
Odiamos o bandido da periferia, mas aceitamos a farra no poder judiciário, as sentenças vendidas, o tráfico de influências, os auxílios no valor de vários salários para comer, para morar, para vestir, para farrear em festas enquanto o povo passa fome;
Odiamos o bandido da periferia, mas fechamos os olhos à corrupção no Ministério público, os termos de ajustamento fraudados, os apadrinhamentos, a fúria contra o pobre preto que se resigna subserviente aos empresários dilapidadores do erário;
Odiamos o bandido da periferia, mas não protestamos contra os médicos que batem o ponto nos hospitais públicos e vão embora para suas mansões de luxo, deixando nossos filhos doentes abandonados à própria sorte;
Odiamos o bandido da periferia, mas pagamos todas as despesas dos filhos dos ricos que estudam nas universidades públicas enquanto os filhos dos pobres, vindos das escolas públicas não conseguem índices suficientes e são obrigados a pagarem por um ensino de má qualidade, nas faculdades particulares;
Odiamos o bandido da periferia, mas vemos nossas esposas, mães e irmãs serem espancadas por seus maridos sob o pretexto machista de serem insubordinadas ou recalcitrantes, sem que movamos um dedo para mudar esse sistema de dominação do sexo frágil;
Odiamos o bandido da periferia, mas aceitamos resignados os constantes aumentos do custo de vida, apesar de sermos auto suficientes em produção rural, mineral e de petróleo;
Odiamos o bandido da periferia, mas temos os professores mais desvalorizados e os políticos mais corruptos do mundo, apesar da altíssima taxa de impostos paga por nós;
Odiamos o bandido da periferia, porque ele é o que está mais próximo da nossa vingança, movida pela nossa frustração e incapacidade de lutar por mudanças de verdade.
Preferimos mata-lo a corrigir nossas falhas de caráter. No fundo, no fundo, sabemos que em nada ajudaremos à sociedade, mas nossa arrogância e nosso imediatismo nos impedem de sermos pacientes e compromissados com as mudanças diárias que vão formar uma sociedade mais justa e igualitária.
Nosso ódio é seletivo e preconceituoso, gerado numa sociedade construída sobre o tal “jeitinho brasileiro”, que autoriza a que qualquer pessoa roube, trapaceie e engane à vontade o seu semelhante, porque acredita que isso o faz mais esperto, ou menos otário.
Somos odiosos enquanto sociedade e somos acondicionados como gado a obedecer ao que uma minoria detentora do poder econômico nos direciona.
QUEM MERECE MORRER MESMO????