BRASIL, O PARLAMENTARISMO MONARQUISTA LULA PRIMEIRO MINISTRO E DILMA PRESIDENTE EMÉRITA

16/03/2016 17:27

Brasil se pergunta: e agora? Lula ministro da Casa Civil, manda mais que a presidente, num sistema presidencialista?

De fato, o Brasil nunca esteve tão dividido entre povo e governo, como está nesse momento.

A nomeação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o metalúrgico que virou presidente, para o cargo de ministro chefe da Casa Civil do governo Dilma Roussef, sua sucessora na presidência da república, surpreendeu até os mais pessimistas, que esperavam uma prisão do agora Ministro Lula, a pedido do Ministério Público paulista.

Num país que se orienta e se informa através do mesmo veículo de informação, a saber, a mídia, quer de situação, quer de oposição, é muito relativo apontar má-fé de qualquer dos envolvidos, assim como também é muito difícil enxergar probidade em tal gesto.

 

São convicções ideológicas e políticas, quem conduzem essas análises.

O fato é que, esta nomeação do ministro Lula, além de blindá-lo contra a sanha de direita do Ministério Público e do poder judiciário pelo justiçamento sumário do ex-presidente, por fatos desonrosos e que podem configurar uma variedade de crimes cometidos por ele e por seus assessores e sócios, acaba também por fortalecer o governo Dilma Roussef, que encontrava-se fraco das pernas e quase ruindo.

O ex-presidente Lula goza de simpatia entre os partidos da base aliada do governo, que aos poucos deixavam Dilma sozinha e que, com Lula à frente das negociações, com certeza engrossarão as fileiras de apoiadores do governo.

Não foi um simples golpe contra o judiciário, mas também um golpe político, contra a democracia e contra a soberania popular.

As manifestações populares desencadeadas a partir do segundo governo da presidente Dilma vinham se fortalecendo e ganhando notoriedade, porque cada vez mais demonstravam não ter o estereótipo político burguês de direita. Era o povo pedindo o fim da corrupção.

Esse desejo popular ficou visível na manifestação do dia 13 de Março, quando políticos do PSDB, partido que teoricamente é a oposição ao governo, foram expulsos das manifestações, por não se identificarem com a isenção dos manifestantes.

 

O governo ia cair. Era só uma questão de tempo.

O marketing político do PT sempre foi famoso por ser genial, e agora, deve ser aplaudido de pé, porque conseguiu ao mesmo tempo, resgatar Lula do ostracismo político e ainda salvar o governo de Dilma Roussef.

Após a prisão de José Dirceu, Lula é o único capaz de costurar de volta as alianças perdidas do atual governo, aparecendo como um herói, salvador da pátria, vendendo o que restou do Brasil para formar uma nova aliança.

Isso custará à presidente Dilma a sua prerrogativa de chefe de governo, uma vez que Lula vai precisar de toda autoridade possível para negociar cargos e subvenções livremente e, como autoridade suprema do país, calar as Forças Armadas, a Polícia Federal e o STF, cujos ministros lhe devem inúmeros favores pessoais.

A precipitação do poder judiciário de primeira instância em prender Lula de forma ilegítima era tudo o que sua campanha de marketing precisava para torna-lo ao debate político no cenário nacional, relegando Dilma a uma figura coadjuvante e retirando de sobre seus ombros a enorme responsabilidade pelo declínio financeiro do país.

 

A partir de hoje Dilma não fala.

Só lula responde pelo Brasil, e toda a culpa pelos fracassos do atual governo serão creditados aos adversários políticos, num jogo dicotômico e retórico, onde ninguém há de saber de nada, e sobre cada ação legítima do poder público, alguém vai lançar uma nuvem de fumaça para desacreditar o poder judiciário, com base em um único erro de estratégia.

Temos portanto, um Primeiro Ministro (Chefe de Governo) não eleito pelo sufrágio universal, em pleno presidencialismo, ao mesmo tempo que temos uma monarquia, onde a rainha (Chefe de Estado) é uma figura meramente decorativa.

Os inimigos políticos do atual governo podem começar a se preocupar, porque o PT ressurge das cinzas como um “injustiçado”, com um chefe de governo plenipotenciário e inatingível, com poder de negociação e sem o compromisso do sucesso.

Entramos em uma nova fase onde, quem quiser se blindar contra a justiça, vai precisar se esconder sob as asas do executivo, que vai se fortalecer à custa da desonestidade de grande parte dos políticos do circuito brasileiro.

Não é um simples golpe.

É “o golpe”.